Com o Dia das Crianças se aproximando no próximo sábado, o especialista em Mercado Financeiro da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI), Hudson Bessa, ressalta a necessidade urgente de educar os mais jovens em finanças pessoais. Segundo ele, o Brasil enfrenta três desafios interligados: a falta de educação financeira nas crianças, a dificuldade das famílias em lidar com as finanças e a carência de formação adequada dos professores para abordar esse tema em sala de aula.
Para enfrentar o desafio de educar financeiramente as crianças, dentre os três citados pelo especialista, é preciso criar experiências que as motivem a aprender. Jogos, atividades práticas e exemplos do dia a dia podem tornar o aprendizado sobre finanças mais interessante. Ao ensinar conceitos como orçamento, poupança e investimento, é importante apresentar informações realistas e adequadas à idade das crianças.
Já os programas, as matrizes curriculares, precisam inserir o tema de forma lúdica e aplicada ao dia a dia. “Importante, também, seria tratar o tema de forma clara e sem tabus. Incentivar que as crianças conversem com seus e pais e que eles tragam as crianças para estas conversas”, conta.
Sobre os professores, na opinião do especialista, é preciso tanto uma formação mais técnica, sem tecnicismos, como também mais didática que os capacite a ensinar baseado em problemas reais e experiências mais lúdicas. “O caminho do bem-estar financeiro passa pelo hábito e o longo prazo”, diz.
Faixa etária e rede de apoio
O Brasil é um país de renda média, com uma distribuição de renda profundamente desigual e um sistema educacional deficiente como demonstram os dados do PISA, em que figuramos abaixo da mediana. Em meio a este quadro de debilidade, a ausência ou qualidade da educação financeira nas escolas é apenas mais um entre tantos problemas. Bom lembrar, que em locais em que a educação básica é frágil, maior o desafio para os demais temas avançarem, alerta o especialista da FIPECAFI, Hudson Bessa.
Bessa ainda explica que o perfil dos pais reflete diretamente, já que as famílias organizadas financeiramente e que discutem aspectos da importância de se ter uma vida financeira equilibrada, são mais exitosas em formar filhos que também tenham mais controle sobre sua vida financeira.
“Utilizando a metodologia certa, os mais novos são mais suscetíveis de absorver os conhecimentos sobre finanças pessoais e a melhor maneira é o ensino, baseado em problemas reais, casos práticos e de forma lúdica. Os programas devem ser transversais, como são as finanças do dia a dia”, declara.
Hudson finaliza destacando que a evolução da educação financeira infantil será gradual, acompanhando o ritmo geral da educação. No entanto, ele ressalta que qualquer atividade, desde uma simples prova até exercícios de diferentes disciplinas, pode servir como um ponto de partida para ensinar conceitos como economia e poupança. “Ao traçar paralelos entre essas atividades e a vida real, podemos mostrar às crianças que, assim como o corpo humano precisa de cuidados para se manter saudável, as finanças pessoais exigem planejamento e cuidado para garantir o bem-estar futuro” conta.